07 março 2012

Minha Princesa de Sidhe


A lua estava em Beltane quando, como por influência de uma força invisível, me vi caminhando pelos bosques.

Fui um convidado entre os carvalhos, freixos e olmos enquanto pela noite eu seguia meu caminho oculto.

Uma voz suave me falava aos ouvidos. Contava histórias em uma língua que o homem nunca articulara.

Por um caminho de pedras eu passei sem nem mesmo sentir meus pés agora nus tocarem o chão. Até que a um salão feito de névoas fui levado.

Ali a névoa tomava forma de vidro e começava a derreter. E logo, daquele orvalho, a brisa tecia-me vestes e também me dava de beber.

A névoa se abria e meus olhos focavam no centro daquela pintura mágica e, no centro da obra, ela sorria pra mim.

No centro do lago, aquela que não pode ser encontrada em nenhuma das margens e nem mesmo além.

Ela, que se esconde da mais vigorosa busca empreitada pelo bravo dos bravos é a mesma que abriu a cortina de brumas para este bardo.

Ela, que me guiou através de teias misteriosas até onde o sol da meia noite monta guarda sob a forma de luar.

Ali, até a própria lua se rende e deixa chorar sobre o corpo de minha Senhora a preciosa luz que guia os seres perdidos em meio ao véu da noite.

Dias passaram e vidas inteiras também poderiam passar.  Ali, o tempo parara. Ali só havia ela e fiz de mim, com prazer,  uma extensão dela.

Eu estava de acordo com qualquer sentença. Qualquer destino, ali ao lado dela, seria completo. Feito de calma e êxtase. Feito de não-tempo e não-palavras.

E assim se despediram os carvalhos, freixos e olmos que o próprio tempo levou. Mas eternos ficamos nós dois no centro do lago.

Eu. Um sacrifício dedicado a ela. Minha princesa de Sidhe. Minha Deusa com jeito de menina.

Felipe Gangrel para Tatiana Garcia

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